Em tempos de eleição, é comum surgirem debates sobre a instalação de empresas privadas em pequenos municípios e como sua permanência estaria vinculada ao candidato vencedor. Muitos acreditam que, se o candidato A ou B ganhar, determinadas empresas deixarão a região, o que acaba gerando discussões e preocupações entre os eleitores. No entanto, essa visão é, em grande parte, equivocada. Para entender como realmente funciona a dinâmica de instalação e permanência dessas empresas, precisamos ir além da política e focar no que realmente interessa para uma empresa privada: o lucro.
Empresas Privadas e o Lucro: A Única Prioridade
Ao contrário do que muitos pensam, empresas privadas não tomam decisões baseadas em alianças políticas. Diferente das estatais, cujo funcionamento pode ser influenciado por interesses governamentais, as empresas privadas estão focadas exclusivamente em gerar retorno financeiro. Se uma empresa estiver instalada em um município e estiver lucrando, ela permanecerá no local, independentemente de quem esteja no poder. Se, por outro lado, ela não estiver alcançando o retorno esperado, a decisão mais lógica e comum é sair do território, independentemente do candidato que assuma a gestão municipal.
Esse princípio é simples: uma empresa existe para gerar lucro, e qualquer movimento que comprometa esse objetivo será evitado. Portanto, a ideia de que uma empresa deixará o município se determinado candidato vencer é infundada. O que define a permanência ou a saída de uma empresa é sua saúde financeira e sua capacidade de crescer no mercado local.
Incentivos Fiscais: O Papel do Estado
É importante destacar que, em muitos casos, as empresas são atraídas para pequenos municípios através de incentivos fiscais oferecidos pelos governos estaduais. Esses incentivos podem incluir isenções ou reduções de impostos, como o ICMS, facilidades de crédito, e até a concessão de terrenos e subsídios para infraestrutura, como estradas, energia e telecomunicações. Na região Nordeste, por exemplo, muitos estados têm programas voltados especificamente para a atração de empresas, como os incentivos oferecidos pela SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), que concede benefícios fiscais e acesso a linhas de crédito com juros reduzidos.
Entretanto, mesmo com esses incentivos, o que realmente importa para a empresa é o lucro. Os incentivos fiscais são um facilitador, mas se a empresa não estiver obtendo os resultados financeiros desejados, ela não irá se manter no município.
O Ciclo Econômico: Benefícios e Contrapartidas
Quando uma empresa privada decide se instalar em um pequeno município, geralmente é exigida uma contrapartida para a comunidade local. Isso pode incluir a criação de empregos, a capacitação da mão-de-obra local e o desenvolvimento de fornecedores da própria região. Isso significa que a presença da empresa traz, sim, benefícios para o município, como geração de renda e melhoria na infraestrutura local. Além disso, muitas empresas são obrigadas a adotar práticas ambientalmente corretas, promovendo um desenvolvimento sustentável.
Porém, nenhuma empresa permanece em operação se não estiver lucrando. Isso faz parte da lógica de qualquer negócio privado. Não se trata de uma escolha política ou ideológica, mas de uma decisão financeira. Portanto, quando ouvimos que uma empresa pode deixar o município porque “fulano” ou “beltrano” não foi eleito, estamos diante de um argumento falacioso. O empresário toma suas decisões com base em números e resultados, e não em preferências partidárias.
O Que o Eleitor Deve Entender
Como eleitores, é essencial que entendamos essa lógica. A presença ou saída de uma empresa privada em nosso município não está diretamente ligada a quem é o prefeito ou o governador. Se a empresa está lucrando, ela vai ficar. Se não está, ela vai sair. A política pode oferecer incentivos, mas não é o fator decisivo. O que realmente importa é a rentabilidade do negócio.
Em época de eleição, é fácil sermos levados por discursos que associam a economia local ao sucesso ou fracasso de uma campanha eleitoral. Porém, a verdade é que o setor privado tem suas próprias regras, baseadas em resultados financeiros. A permanência de uma empresa é determinada por sua viabilidade econômica, e não por quem ocupa o cargo de prefeito ou governador.
Portanto, ao votar, lembre-se: as empresas estão aqui para lucrar, e não para apoiar candidatos. O que realmente as mantém no município é a capacidade de gerar retorno, e essa é a única prioridade para um empresário.
Conclusão
Os incentivos fiscais podem facilitar a entrada de empresas privadas em pequenos municípios, principalmente no Nordeste, onde há programas específicos para esse fim. No entanto, mesmo com esses benefícios, o que define a permanência de uma empresa é o lucro, e não a política local. Como eleitores, precisamos ser conscientes de que o sucesso econômico de uma região depende de vários fatores, e a escolha de um candidato, por si só, não define a continuidade ou a saída de empresas privadas. O que realmente importa para elas é o retorno financeiro.